Uma pergunta a Miguel Portas

Miguel Portas, eurodeputador e dirigente do Bloco de Esquerda, tem-se distinguido pela defesa daquilo que considera ser o “legítimo direito à desobediência civil” por parte dos energúmenos que vandalizaram a plantação de milho no Algarve. A este respeito, gostava de colocar uma questão a Miguel Portas: Se um grupo de ‘activistas pacíficos’ de extrema direita lhe vandalizasse a casa, o escritório ou o carro, também defenderia o direito deles à “legítima desobediência civil”? Ou o direito à desobediência é algo que varia consoante as causas e as cores políticas?

É triste como alguma esquerda ainda pensa que os fins justificam os meios.

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Vender a pátria por um prato de lentilhas

Nos últimos dias, as declarações do nosso nobel da Literatura, a respeito de uma hipotética união ibérica, serviram de mote a algumas conversas com amigos e colegas. Embora a maior parte das pessoas se manifesta contra semelhante projecto, não falta em Portugal quem pense que uma união com Espanha permitiria melhorar o nosso modo de vida. A fazer fé nas sondagens, muitos portugueses estão mesmo dispostos a abdicar da nossa secular soberania em prol da incorporação de uma federação ibérica, seduzidos pela miragem do milagre económico espanhol.

Confesso que a mim, que me considero patriota sem ser patrioteiro, esta opinião cada vez mais difundida me irrita q.b.. Antes de mais, porque a memória dos nossos antepassados, que lutaram e morreram para que hoje tenhamos o direito de nos governarmos a nós próprios, merecia melhores guardiões que esta geração disposta a vender a sua herança em troca de um mísero prato de lentilhas. Portugal está cheio de Esaús, que por uma ninharia estão dispostos a abdicar do seu património ancestral. Confesso que isto me envergonha.

Em segundo lugar, não acredito que vivêssemos melhor se estivessemos integrados nessa federação ibérica. A economia espanhola está bem, mas não está assim tão bem como certos arautos domésticos do zapaterismo nos querem vender. Além disso, não seriam os espanhóis a resolver os nossos problemas, a menos que Portugal fosse uma província governada directamente a partir de Madrid e não uma região autónoma (e mesmo assim não acredito que conseguissem melhorar alguma coisa).

Já para não falar do precedente histórico. Em 1580, as élites portugueses apoiaram a ascensão ao trono de Filipe II porque queriam retirar benefícios do império dos Áustrias. Cegos pela ganância, conduziram o país ao desastre.

No essencial, as razões que levaram à Restauração em 1640 são as mesmas que ainda hoje falam a favor da manutenção da soberania nacional. A meu ver, o único argumento racional que poderia ser esgrimido a favor da tese iberista seria o da integração económica. Mas isso, meus amigos, já existe, via União Europeia!

Recordemo-nos que só não é conquistado o povo que não oferece resistência. Porque esse já está conquistado antes mesmo de a batalha começar.

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Extremismos

Uma questão: porque é que uma manifestação da extrema-direita é apelidada pelos jornais de «manifestação de extrema-direita», enquanto uma manifestação de extrema-esquerda é descrita como «manifestação de anti-fascistas»?

Os inimigos da liberdade têm muito em comum.

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Sem tempo

É verdade que nos últimos dias nada tem sido escrito neste espaço, mas não se preocupem que o Coisas e Causas ainda mexe, só não tem havido tempo para escrever…

Aproveito estes minutos para manifestar a minha alegria pela derrota do Le Pen, a minha indiferença pela vitória do Portas e a minha tristeza por todo o processo em torno da Independente…

<b>HR</b>

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A partir de agora só se escrevem notícias ‘boas’

No mesmo dia fomos brindados com duas pérolas por parte da justiça portuguesa. A Notícias Magazine (ver DN de hoje) e o jornal Público foram condenados a pagar indemnizações pela publicação de notícias verdadeiras…
Aqui fica um excerto do acórdão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o caso do Público:
“É irrelevante que o facto divulgado seja ou não verídico para que se verifique a ilicitude a que se reporta este normativo, desde que, dada a sua estrutura e circunstancialismo envolvente, seja susceptível de afectar o seu crédito ou a reputação do visado”.
Ou seja, não interessa se é verdade ou não, apenas se põe em causa a reputação da instituição, neste caso o Sporting Clube de Portugal. A partir de agora os jornalistas só vão poder escrever as verdades sobre os aspectos positivos, já que os negativos, apesar de verdadeiros, danificam a imagem dos visados… ao ponto que isto chegou!!!

HR

Notícia completa em: http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1290773&idCanal=95

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As decisões de Oliveira

A 15 de Fevereiro deste ano Joaquim Oliveira despediu António José Teixeira, director do Diário de Notícias, e a equipa liderada por este.
Na altura, estranhei.
Considero que António José Teixeira estava a fazer um belo trabalho no DN, mas, quanto a opções de gestão, quem manda é quem tem o dinheiro. Por isso calculei que as vendas do diário haviam caído e que Oliveira dispunha de dados que eu não tinha.
Contudo, e no final da semana passada, a APCT (Associação Portuguesa para o controle de Tiragens e Circulação), publicou o relatório relativo ao ano de 2006 e, espanto meu, o DN foi o diário generalista que mais subiu.
Mais 1.022 exemplares vendidos por edição face a 2005 foi o conseguido. Apesar de continuar na última posição entre os cinco diários generalistas (onde se inclui o Correio da Manhã, o Jornal de Notícias, o Público e o 24horas, por ordem de vendas), o titulo, a par do JN, foi o único a apresentar crescimentos.
Mais, do terceiro para o quarto trimestre de 2006 foi o único a melhorar e, neste período, ficou a apenas 95 jornais diários do 24horas e a menos de dois mil do Público (em 2005 a distância foi superior a 13 mil exemplares).
Assim sendo, só posso dizer que continuo a não entender a opção de Joaquim Oliveira.

HR

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Um conceito que muitos esquecem

Lord Acton 
«Liberty is not a mean to a higher political end. It is itself the highest political end» 

(Lord Acton, 1877)

F.A.

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Os inimigos da liberdade têm muito em comum

Passou quase despercebida, há alguns dias, uma mini-polémica em torno da alegada participação de gente do Bloco de Esquerda numa lista de extrema-direita que se candidatou à direcção de uma associação académica de uma faculdade lisboeta. Tudo começou quando uma dirigente da lista disse ao Público que a candidatura que integrava era «plural», incluindo mesmo «pessoas do Bloco de Esquerda».

 

Embora consciente que as pessoas em questão seriam meros simpatizantes e não militantes do Bloco, não fiquei espantado com o facto de gente de extrema-esquerda participar numa lista fascista. Isto porque estes tipos têm mais coisas em comum do que se possam pensar à primeira vista: são contra a globalização e o capitalismo, têm aversão aos Estados Unidos, não acreditam numa Europa liberal e atlantista, gostam da ‘luta de rua’ e desprezam a democracia liberal. Além disso, admiram todo e qualquer tirano que se oponha aos Estados Unidos e ao capitalismo (como Fidel, Chavez, Salazar ou Mugabe), muitas vezes fechando os olhos a atrocidades que depressa justificam como necessárias para atingir nobres fins. Não foi por acaso que Mussolini começou a sua carreira política num grupelho de extrema-esquerda, ou que a palavra nazi é a abreviatura de ‘nacional socialista’.

 

Actualmente, o que mais me preocupa não é o ridículo cartaz do PNR no Marquês de Pombal ou a vitória de Salazar num concurso sem importância. O mais me preocupa é a crescente descrença dos jovens na democracia, a par da admiração pelos homens fortes e providenciais e de um cada vez mais poderoso activismo que tem como objectivo construir um mundo perfeito. Ora não há mundos perfeitos… aliás, da última vez que certas almas bem-intencionadas os tentaram construir, acabaram por criar verdadeiros infernos. 

 

F.A.

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Brincar com o fogo

Muito se tem escrito sobre a vitória do ditador de Santa Comba nos Grandes Portugueses. Pessoalmente, não partilho da histeria em torno do programa, que mais não é do que um simples concurso sem pés nem cabeça. Além de ser impossível e quiçá estúpido ter a pretensão de eleger o «maior português de sempre», os resultados da votação não reflectem a opinião da maioria dos portugueses. Um programa que no resto da Europa foi encarado como uma simples brincadeira foi visto em Portugal como uma coisa importantíssima.

 

Isto porque, em resumo, a RTP brincou com o fogo e queimou-se. Durante meses, com aquele indisfarçável ar de ‘serviço público’ que a caracteriza, a estação gastou milhares de euros a anunciar a eleição do maior português de sempre. Para agora, no último episódio da saga, ouvirmos Maria Elisa afirmar várias vezes que «isto é apenas um concurso».  F.A.

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Agora a sério… Porquê Salazar?

Terá sido esta uma votação militante?

Foi, sem dúvida. Mas não foi isso que deu a vitória ao ‘estimado’ ditador. Cunhal também teve a militância consigo e nem metade dos votos alcançou.

Terão ido os ex-pide (actualmente taxistas, basta andar de táxi para saber que o são) que votaram em massa?

Acredito que muitos o tenham feito, mas não eram suficientes…

Terão sido os saudosistas, do tempo em que não havia (vulgarmente traduzido por censura) droga, marginalidade e outros fenómenos associados?

Mais uma vez acho que sim, mas continuam a não ser suficientes…

Terão sido os jovens portugueses, inspirados numa personagem e numa época que não conhecem?

Bem, sozinhos não. Mas olhando para trás e fazendo as contas…

É triste, mas acho que já sei como é que ele ganhou… Quando se milita aqui, ali e acolá…

 

HR

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